domingo, 1 de dezembro de 2013

a maior tristeza do meu coração

O que fazer com algo que não se sabe tratar?
Eu não sei lidar
Eu só sei que dói
Dói como um buraco
Como uma falta do que não se vê
Dói como a lágrima que não cai
Como um mar inteiro que se prende no peito
Dói como a vida que não mais se entende
Dói como se esquecer de não sofrer e se perder
Dói como o não entender de algo que não mais te visita
Se não tinha lugar e, quando chegou, continuou sem
Como pode, agora, então, fazer falta o imaterial que se foi?
Como pode me dilacerar o que é sem forma e sem tamanho?
Como pode me machucar tanto algo que tinha intenção de fazer bem?
Eu não aguento mais meu coração
Não aguento acordar todo dia e fazer da tristeza, verbo de viver
A sua tortura é sutil e fulminante
Se perdendo de amar você me mata mais a cada segundo


Sara Prates
01.12.2013

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

só não sei

Eu não sei nem sentir.
Como vou saber me explicar?
E assim não me explico
Apenas deságuo
...eu não sei o que faço
Sou apenas cansaço
No não-saber entender


Sara Prates
28.11.2013

eu não sei respirar

Não desengasguei...
É porque não sei.
Nessa situação, nada sei
Não sei nada, o maior nada
O nada que abriga tudo
O nada que só minha mente conhece
Incompatível com as palavras
Incompatível com a lucidez
Meu nada me traz tanta coisa...
Sufoca, queima, corrói, machuca
Eu ando assim porque não existe parar
E apesar de não saber caminhar,
O não-saber-resolver me empurra prum canto qualquer
Eu também não sei onde estou
Meu nada me traz impasses que me obstruem todas as vias
Eu antes via... Só não sei quando...
As vidas se perdem onde deveriam se achar
Os devaneios convergem pra não-coragem de pensar
E eu me perco de tanto não-saber
Calo minhas vontades por nada entender


Sara Prates
28.11.2013

(não) tá

Se for pra canalizar, que seja
Que eu escreva, então, meia dúzia de palavras inúteis
Meia dúzia de pensamentos bobos
Que o mar de raiva e incompreensão desague num papel qualquer
Inconsolo, inabilidade e desamparo
E eu nada posso falar
Já não cabe mais no meu peito
Esses rabiscos amargos que escrevo, de inúteis, passam a me salvar
Eu não entendo
E sofro
Eu não descanso
Eu desintegro
Eu deságuo e finjo que tá tudo bem
Se antes eu morria um pouquinho dentro de mim
Agora eu morro pra fora, no papel
Ciúme...
"tá tudo bem?"
"tá"


Sara Prates
28.11.2013

o que foi que aconteceu?

As lágrimas queimando meu rosto já não doem tanto
Já não dói tanto, não dói tanto
Nada dói tanto como meu coração agora
Nada é mais caótico que minha cabeça agora
Não saber dói
Meu coração se destrói
Cada segundo que passa minha cabeça amassa qualquer lucidez
E nesses devaneios a loucura surge
Sem forma
Rude
A me desfazer
Uma gaiola é o que me prende
Incapaz de qualquer movimento fazer
Vejo minha mente se perturbar
Sem saber por qual caminho ir
Eles não se mostram, eu não sei porque
Incapaz de me mover
Incapaz de transcender
Eu me perdi não sei aonde
Eu perdi não sei o quê
Eu não sei o que fazer, já não sei como saber
Como posso não saber?
Eu não sei me renascer


Sara Prates
28.11.2013

espaço em branco assim

Esse é um espaço em branco porque é assim a minha mente
Esse é o único refúgio para alguém que sofre de não saber
Não sabe de que sofre e não sabe não sofrer
Uma mente em branco caótica que despeja sua carga
Despeja um monte de "nadas" por já não ter espaço de saber
Não sabe o que despeja, mas de onde sai fica mais leve
Daquele desespero, se livra
De não caber, explode em tinta
São apenas "nadas" de quem não sabe o que dizer
São apenas cargas de quem se perde sem saber
São apenas almas que não sabem o que fazer


Sara Prates
28.11.2013